A Odontologia no Brasil tem trajetória marcada por avanços científicos e pela ampliação do acesso da população aos cuidados com a saúde bucal. Os primeiros cursos foram criados em 1884, no Rio de Janeiro e Bahia. Após quase um século e meio, a odontologia brasileira é considerada referência mundial, tanto pela qualidade dos profissionais quanto pelas políticas públicas de atenção à saúde bucal.

Há 20 anos, tive a honra de trazer a Santos e à Baixada Santista os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), por meio do Programa Brasil Sorridente, política nacional de saúde bucal instituída em 2004, após constatação da necessidade de expandir a oferta de serviços odontológicos especializados. Essa conquista foi possível graças à parceria com meu querido amigo e saudoso Emil Razuk e com Gilberto Pucca, querido amigo e ex-aluno, então coordenador nacional de Saúde Bucal.

Em Santos, implementamos dois CEOs que transformaram a vida de milhares de pessoas: o da Zona Leste, recentemente reinaugurado com modernas instalações, e o da Zona Noroeste, que em breve ocupará espaço maior e mais adequado, ampliando a qualidade da assistência especializada e oferecendo melhores condições de trabalho aos profissionais da rede municipal.

O avanço da Odontologia pública em Santos só foi possível pelo empenho dos profissionais e pelo compromisso dos prefeitos João Paulo Papa; Paulo Alexandre Barbosa, hoje deputado federal e signatário da Frente Parlamentar da Odontologia no Congresso; e Rogério Santos, também cirurgião-dentista e profundo conhecedor das necessidades da população.

Em Santos, temos políticas públicas por meio de ações e leis, como a odontologia hospitalar, atestados odontológicos, uso do fio dental, residência multiprofissional, direito à saúde bucal na Lei Orgânica do Município e os CEOs, sempre em benefício da população, tanto que em 2023, a cidade recebeu, de forma inédita, a Assembleia Conjunta do Conselho Federal de Odontologia (CFO) e com os 27 Conselhos Regionais.

Conhecemos os desafios. O financiamento do setor, baseado no cofinanciamento entre União, estados e municípios, limita a capacidade de investimento e custeio de serviços pelos gestores locais. É necessária a descentralização dos profissionais por todo o País, com incentivos aos recém-formados, pois não existe escassez de cirurgiões-dentistas, e sim má distribuição. Precisamos interiorizar a Odontologia brasileira.

No Dia Nacional do Cirurgião-Dentista, rendo homenagem aos mais de 440 mil profissionais que atuam em todo o Brasil, dos quais 64% são mulheres. Em São Paulo somos mais de 120 mil, com predominância feminina de 67%. Que sigamos avançando, unindo ciência, inovação e compromisso com a população, para garantir cada vez mais saúde e dignidade.

• Braz Antunes Mattos Neto. Cirurgião-dentista, mestre em Ortodontia e presidente do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) em 2022-2023